terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dolorosa impunidade




Passaram-se precisamente dois meses desde o meu último post. A vontade para escrever tem sido mínima, contudo há imenso para dizer. Todos os dias acontece algo, por mais entediante que seja a minha vida, que poderia ser escrito. Mas visto eu só escrever em estado acumulativo, torna-se justificável tal desfasamento de tempo entre as diferentes publicações.

Para os que me acompanham, principalmente os preceptores das entrelinhas, a janela manteve-se fechada, não me parecendo que alguma vez venha a abrir. Não o desejo, felicitando-me por ter negado e sobrevivido à indiferença com que me baleava(m) impunemente.

Ultimamente tenho sido visitado pelo medo. Um medo terrível de falhar. Acontece (praticamente) sempre que sou posto à prova e não pretendo recorrer a segundas oportunidades. Contudo, desta vez é ligeiramente diferente, visto não controlar os factores que me poderão levar à reprovação. Tal neo-fragilidade tornar-se-à numa frustração inconcebível.

Tenho sentido uma ligeira falta de auto-estima, o que me poderá derrotar por completo. Não imagino a vida sem ela, pelo menos a minha, vivida com base na aparência. Vergonha de ser assim? Claro que não! Pelo menos não vivo enganado quanto ao meu próprio eu. É impressionante como tal é mimetizante. Os mais confiantes são, na verdade, os mais frágeis. Mistura explosiva, right? É totalmente explanável: a instabilidade é tanta que existe a necessidade de fixação a algo, nomeadamente, a aparência. A sua capacidade moldável, torna-a adaptativa da maior parte das situações, sendo perfeita para o papel. Perfeição essa completamente putativa e substituível. Vou adiando esse facto, dia após dia.

Porquê viver assim? Porque ainda sou capaz de afirmar o quão sou feliz, mesmo sabendo que temporariamente. Mas quem me garante que a possível evolução não seja um retrocesso?

Hoje veio-me à mente o seguinte ditado popular: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti." Clichè, eu sei! Mas pôs-me a pensar, congratulando-me por (ainda) não ter sido atingido por metade do mal e dor que já provoquei.

Talvez a impunidade que tenho vindo a sentir, seja para combinar com a imunidade com que tenho, constante e injustamente, vivido.


Cumprimentos,

Devan


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